As artes marciais sempre foram mais do que esporte. Elas educam, acolhem, disciplinam, fortalecem. Em contextos de vulnerabilidade social, essas práticas ganham ainda mais valor: transformam realidades.
No Instituto Mollitiam, acreditamos que esporte é ferramenta de desenvolvimento humano, e o projeto Guerreiros da Paz, liderado pelo Mestre Márcio Monnerat, é uma prova viva disso. O projeto impacta a vida de crianças e jovens em Niterói com propósito, acolhimento e disciplina.
A seguir, você confere uma entrevista especial com o Mestre Monnerat, que compartilhou conosco sua trajetória e a filosofia por trás dessa grande missão social.
1. Mestre, o que o motivou a trabalhar com projetos sociais voltado a artes marciais?
“Na adolescência, fui considerado um jovem problemático, sem muito rumo. Queria treinar, mas não tinha condições financeiras. Quando finalmente consegui, minha vida mudou.
O taekwondo me salvou, me deu foco, propósito, uma profissão. Pensei: “Se a luta me ajudou tanto, por que não oferecê-la gratuitamente a quem mais precisa?””
2. Como surgiu o nome ‘Guerreiros da Paz’?
“A proposta sempre foi unir força e equilíbrio. Guerreiros, sim, mas da paz.”
3. Quais são os principais valores que o projeto ensina às crianças?
“Mais do que técnicas de luta, ensinamos valores: paciência, respeito, autocontrole, coragem, gratidão, compaixão…
Buscamos formar cidadãos conscientes. As artes marciais são uma filosofia de vida.”
4. Em 33 anos de atuação, quais conquistas mais te marcaram?
“Já formamos campeões brasileiros e mundiais, mas o que mais me emociona é ver ex-alunos se tornando professores, mestres, líderes sociais.
Gente que passou por aqui e hoje leva essa missão adiante. Isso é legado.”
5. O projeto já teve repercussão nacional. Conta mais sobre essa experiência?
“Sim, em 1992, quando lançamos o projeto “Vamos tirar o menor da rua” em Nova Friburgo, fomos destaque na TV Globo por sermos pioneiros no Brasil com aulas gratuitas de artes marciais.
Desde então, o projeto passou por várias cidades, como Rio das Ostras e hoje segue firme em Itaipu, Niterói.”
6. Qual a faixa etária atendida atualmente no Guerreiros da Paz?
“Atendemos crianças e adolescentes de 7 a 18 anos. É uma fase crucial para desenvolver caráter, disciplina e visão de futuro.”
7. Como você vê o papel do esporte na prevenção à violência e às drogas?
“Essencial. O esporte ocupa o tempo, direciona a energia, traz autoestima. Um jovem que treina regularmente tem menos chances de cair em más influências. A luta ensina a respeitar o outro, a controlar impulsos, a buscar superação.”
8. O que você espera do futuro do projeto?
“Espero que ele continue alcançando mais comunidades, mais vidas. E que mais instituições, como o Instituto Mollitiam, abracem essa causa com seriedade e compromisso. Quando a sociedade entende o poder da educação e do esporte juntos, tudo muda.”
As artes marciais exigem atenção, foco, memória de movimentos e estratégias, o que estimula o cérebro infantil em áreas fundamentais para o desempenho escolar.
– Um estudo da Universidade de Verona (2019) identificou que a prática de artes marciais melhorou funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva) em crianças entre 8 e 12 anos.
– Segundo a American Academy of Pediatrics, crianças que praticam atividades físicas regulares apresentam melhora no desempenho escolar, principalmente em disciplinas como matemática e leitura.
As artes marciais trabalham coordenação motora fina e ampla, equilíbrio, noção espacial, além da consciência corporal.
– De acordo com o estudo “Motor skill development in children practicing martial arts” (Journal of Human Kinetics, 2018), crianças que praticam artes marciais regularmente apresentam desenvolvimento motor mais avançado do que seus pares não praticantes.
– A prática desde cedo (a partir de 5 anos) melhora postura, resistência física e controle corporal, fatores importantes para o desenvolvimento saudável.
As artes marciais promovem disciplina, autocontrole, respeito e autoestima, habilidades essenciais para o ambiente escolar e social.
– Um estudo da Universidade da Coreia (2021) com 240 crianças mostrou que praticantes de Taekwondo apresentaram redução de comportamentos agressivos e aumento da disciplina e empatia.
– Dados da UNESCO indicam que programas esportivos estruturados, incluindo artes marciais, reduzem em até 30% os índices de evasão escolar em comunidades vulneráveis.
A prática de artes marciais também contribui para a saúde emocional:
– Estudos do National Institutes of Health (NIH) apontam que práticas como Karatê e Jiu-Jitsu reduzem sintomas de ansiedade, hiperatividade e TDAH em crianças.
– Crianças aprendem a lidar com frustrações e a respeitar regras, o que melhora o comportamento em sala de aula e no convívio familiar.
Artes marciais ensinam valores como respeito, humildade, perseverança e promovem inclusão.
– Programas sociais com artes marciais, como o “Luta pela Paz”, mostram que 78% dos jovens participantes melhoram sua autoestima e motivação escolar após 6 meses de prática (dados do próprio projeto em parceria com a Universidade de Essex, Reino Unido).
Esses dados reforçam a importância da inclusão das artes marciais em programas educacionais e de formação integral, não apenas como atividade física, mas como ferramenta de desenvolvimento humano completo.